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Vassouras a Princesinha do Vale do Café

A cidade de Vassouras é um dos maiores registros históricos que nós temos do período em que o Rio de Janeiro era o grande produtor mundial de café, durante o século XIX saía dessa região fluminense cerca de 75% de todo o café consumido no mundo inteiro.


Vassouras é sede de fazendas dos antigos Barões do Café, centro histórico muito bem preservado e tombado como patrimônio desde 1958, uma linda estação de trem, e lendas e histórias típicas de lugares antigos e místicos como Vassouras.

Vista da praça central de Vassouras. A grande quantidade de palmeiras imperiais indicam a importância da cidade durante o Império

O nome da cidade vem de uma planta que é conhecida popularmente como Vassourinha e no passado era abundante na região e é utilizada em diversos fins medicinais desde doenças de pele, até respiratórias, mas a lembrança típica da cidade são as vassouras em miniatura em imãs de geladeira, agendas, camisas e tudo mais o que você puder imaginar!

Planta que deu nome à cidade de Vassouras

O crescimento da cidade aconteceu durante o final do século XVIII e início do XIX, quando começaram a ser construídas as estradas que ligavam a região à cidade do Rio de Janeiro. Depois de construídos os caminhos, e com a escassez de ouro em Minas Gerais, começaram a chegar na região novos fazendeiros (antigos mineiros), e implementaram o cultivo de cana de açúcar na região, e depois mudando a produção para o café.


Apesar de ser africano (descoberto na Etiópia), o café se adaptou muito bem às terras brasileiras, e até a utilização da "Terra Roxa" em São Paulo e no sul do Brasil, o grande produtor brasileiro era o vale fluminense que ficaria conhecido como Vale do Café onde se destacariam as cidades de Valença, Piraí, Barra do Piraí, e, claro, Vassouras. Atualmente o Rio de Janeiro perdeu o posto de maior produtor nacional de café para outros estados, mas a história vivida nesse vale permanece viva, nas fazendas, nas ruas de pé de moleque, e na memória do povo que aí vive.


Durante as décadas de 1850 e 1860 a cidade vive o seu melhor momento econômico, ficando conhecida como "Princesinha do Café" e também "Cidade dos Barões" devido aos muitos nobre que viviam na cidade como fazendeiros (cerca de 25 barões habitavam a cidade de Vassouras).


Existem muitas fazendas históricas que podem ser visitadas em Vassouras, algumas com possibilidade de café da manhã ou almoço colonial, outros com encenação de época, e em alguns casos, ainda há a possibilidade de visitar um cafezal de verdade e até provar o café colhido direto do pé.


No centro da cidade existe uma praça chamada Barão de Campo Belo, que foi construída por esse Barão, e onde se encontra a maior parte dos edifícios históricos da cidade como o chafariz datado de 1846, a igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de 1828, e a Câmara Municipal de 1850 sendo o mais antigo edifício construído para ser público. Esses são só alguns dos muitos edifícios do século XIX que encontramos na praça.


A cidade tem também uma antiga estação de trem onde se conta uma parte da rica história da cidade, e a locomotiva que servia a cidade. Próximo à estação fica a Universidade de Vassouras, ela está na rua Broadway que reúne os melhores restaurantes e bares da cidade.


Uma das maiores personalidades vassourenses foi Eufrásia Teixeira Leite. Nascida em 1850 na cidade, Eufrásia se tornou aos 21 anos, junto com sua irmã, herdeira de uma fortuna maior que a do próprio Imperador Dom Pedro II. Apesar de herdeira de uma grande família de cafeicultores, Eufrásia e seus pais eram investidores de ações, o que gerou a sua grande fortuna. Em uma sociedade paternalista em que a mulher tinha pouca participação e poucos direitos, Eufrásia era diferenciada, o que se pode chamar de uma pessoa a frente do seu tempo. Não se casou nem gerou descendentes, assim como sua irmã. Em 1930 quando morreu com 80 anos, deixou uma fortuna de 37 milhões de contos de réis, o que equivaleria a algo como R$740.000.000,00 (setecentos e quarenta milhões de reais) no dinheiro atual.


Eufrásia deixa a maior parte de sua herança para obras de caridade na cidade de Vassouras, e uma parte para seus funcionários. Graças a ela temos um museu chamado de Casa da Hera, que era a casa de seus pais e posteriormente sua casa, no seu testamento ela deixa a casa para o município com a determinação de que nada fosse alterado ou retirado da casa, nem que ela fosse ocupada por outra pessoa, o que nos dá uma dos melhores exemplares de casas da aristocracia do Vale do Café no século XIX.


Vassouras não tem apenas um passado incrível, desde 2003 é realizado na cidade durante o inverno o Festival do Vale do Café que reúne música, gastronomia e história sobre as cidades do vale, as fazendas da cidade e sobre o café claro.

Multidão aguardando a apresentação do Festival na Praça Barão de Campo Belo


Vassouras está a apenas duas horas de distância do Rio de Janeiro e certamente merece uma visita. Não perca tempo e veja a próxima data em que vamos para lá e faça o seu orçamento.


Até semana que vem!

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