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Curiosidades sobre o Rio

Em um post anterior, falei sobre a origem do nome do Rio de Janeiro, mas uma das coisas mais maravilhosas sobre o Rio é que existem muitas outras curiosidades para contar.


Alguns dos cartões postais do Rio possuem nomes que são conhecidos mundialmente, e que se pararmos para analisar não fazem muito sentido, quer ver? Por que uma montanha de pedra tem o nome de Pão de Açúcar? Porque a montanha onde está o Cristo Redentor se chama Corcovado? Onde está o castelo que deu nome à região do centro próxima ao aeroporto? Hoje vamos conhecer algumas dessas histórias.


Fluminenses e Cariocas - Quando uma pessoa nasce em um lugar, ela recebe um nome pátrio chamado gentílico, às vezes faz sentido como em São Paulo (paulista todos que nascem no estado e paulistano quem nasce na capital de mesmo nome) e Minas Gerais como seus mineiros


Mas em outros casos o gentílico não tem relação com o nome do lugar como os capixabas no Espírito Santo (termo indígena que significa roça ou roçado já que os índios que aí viviam chamavam de capixaba as suas plantações de milho e mandioca), os potiguares do Rio Grande do Norte (na língua tupi potiguar significa "comedor de camarão"). Com os nascidos no Rio de Janeiro também acontece isso pois os naturais do estado chamam-se fluminenses, enquanto os que nascem na capital se chamam cariocas, mas de onde vem esse nome?


Em latim flumens significa rio, os franceses chamavam assim os índios pois bebiam água dos rios, daí vem o significado do nome fluminense. O gentílico carioca também tem a ver com um rio, os indígenas que viviam no Rio de Janeiro chamavam os peixes cascudos de "Acari", e havia um rio com muitos desses peixes, por isso chamavam o rio de "Acari Oca" traduzindo fica casa do peixe cari. Ao chegar no Brasil, os europeus eram chamados de acari por causa da armadura que usavam que parecia com a estrutura desse peixe.

Pão de Açúcar - O açúcar consumido na Europa durante muito tempo não era o refinado e sim em cubo ou em uma forma mais concentrada que se consumia em escamas. Ao chegar na entrada da Baía de Guanabara e ver a montanha na entrada da baía, os portugueses perceberam que parecia com um desses formatos do açúcar chamado de pão de açúcar e passaram a se referir à montanha por esse nome que permaneceu até hoje.

Corcovado - Apesar de ser chamada de Pináculo da Tentação por Américo Vespúcio em 1503 quando passou por aqui, assim como no caso do Pão de Açúcar, os portugueses ao avistarem do mar a montanha, acharam que ela parecia com uma corcunda e a partir do século XVII passaram a se referir à montanha por corcovado nome que permaneceu até hoje.

Mirante do Sol e Trem do Corcovado - No alto do morro do corcovado com seus 710 metros de altura, encontramos o Cristo redentor, uma das novas sete maravilhas do mundo, construído entre 1926 e 1931, possui na sua base uma capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil. Para acessar o Santuário do Cristo Redentor podemos usar a estrada ou um trem, o trem inclusive é mais antigo que o santuário, é o primeiro trem turístico do Brasil datando de 1884, foi inaugurado pelo Imperador Dom Pedro II e levava ao alto do Corcovado onde no ano seguinte foi criado um mirante chamado de Chapéu do Sol. O mirante e o Cristo existiram juntos por 11 anos, até que o mirante foi destruído em 1942.

Candelária - A igreja de Nossa Senhora da Candelária teve a sua história iniciada no começo do século XVII, numa tempestade, e através de uma promessa feita pelo casal Antônio Martins Palma e sua esposa Leonor de Palma. Na eminência de naufragarem, o casal fez uma promessa à Santa de construir um local para sua devoção no primeiro lugar que pisassem a salvo. Cumpriram a promessa com uma capela que foi sendo ampliada ao longo dos anos. A igreja atual começou a ser construída em 1775 e ficaria pronta apenas no final do século XIX, apesar de receber alguns toques no início do século XX.


No alto da cúpula no interior vemos uma obra prima de Zeferino da Costa, representando a Santa Maria e as sete virtudes, enquanto no exterior encontramos 8 esculturas representando as virtudes teologais (fé, esperança e caridade), religião, e os 4 evangelistas (Mateus, Marcos, Lucas e João).

Morro do Castelo - Berço da cidade do Rio de Janeiro, o Morro do Castelo ficava no coração da cidade até o início do século XX quando foi arrasado (destruído). O morro fazia parte do conjunto de morros por onde a cidade cresceu (além do Castelo, os morros de São Bento, e Conceição e o de Santo Antônio que também já foi arrasado).

Igreja de São Sebastião em foto de Augusto Malta

Logo após expulsar os franceses do Rio, os portugueses mudaram o núcleo da cidade para o alto do morro e construíram o que seria a base para o Rio de Janeiro, incluindo uma igreja que foi dedicada ao padroeiro da cidade São Sebastião e cuidada pelos Jesuítas até a expulsão da ordem de todos os territórios portugueses em 1759.


Ao ser vista do mar, a igreja parecia um castelo, o que levou ao nome do morro. Em 1922 o morro foi totalmente arrasado levando com ele muitos mitos e verdades sobre os segredos dos Jesuítas, mas isso é assunto pra outro dia.

Coração do Rio sendo arrancado em 1922

Largo do Machado e Largo da Segunda-Feira - Esses dois largos tem histórias curiosas, apesar de haver discordância sobre o nome do Largo do Machado, uma das histórias fala sobre um açougueiro que se chamava Machado e se instalou no largo em 1810. Ele usava uma placa grande de um machado na frente da loja o que teria levado as pessoas a se referir ao largo como o largo do machado, levando ao nome do Largo.


Já a história do Largo da Segunda-Feira é um pouco macabro. Até meados do século XVIII, as terras da Tijuca pertenciam aos Franciscanos e uma das marcas desse tempo é a igreja de São Francisco Xavier na rua de mesmo nome, e o largo fazia parte dessas terras, mas depois da expulsão dos Jesuítas, o governo colocou as terras à venda. Em 1762 essa parte das terras foram adquiridas por Manuel Luis Vieira, e em uma segunda feira foi encontrado o corpo de um homem desconhecido. O homem foi enterrado no mesmo lugar em que foi encontrado e as pessoas passaram a chamar o local de Largo da Segunda-Feira. Como forma de honrar o homem desconhecido fincaram uma cruz de madeira no local, essa cruz durou até 1880 quando acabou caindo de podre.


Maracanã - O Estádio Jornalista Mario Filho ficou conhecido mundialmente pelo nome do bairro onde foi construído, no mesmo lugar onde ficava um derby club (local para corrida de cavalos) até as vésperas do início da construção do estádio, mas o que significa maracanã?

Derby Club do Maracanã. O prédio branco no centro da foto é o antigo Museu do Índio

Na língua e cultura Tupi, havia a palavra maracá-nã que significa que imita maraca (um tipo de chocalho utilizado em rituais). Na região existem muitas araras que eram chamadas de maracanã pelos indígenas e ainda povoam a área, e quem mora por ali conhece bem essas barulhentas aves.

Essa é a simpática porém barulhenta ave maracanã

Ilha do Governador - Logo no início da história da cidade do Rio de Janeiro houve uma sucessão de governos da família Sá, Estácio de Sá fundou a cidade em 1565, Mem de Sá, que era Governador do Brasil e tio de Estácio, governa a cidade à partir de 1567 quando Estácio morreu com uma flechada durante a Batalha do Rio de Janeiro, e Salvador Correa de Sá, também sobrinho de Mem de Sá e o motivo pelo qual a ilha se chama de Governador. Antes de sair do governo do Rio, Mem de Sá manda vir seu sobrinho Salvador de Sá de Portugal onde vivia e como governador do Brasil, doa a seu sobrinho várias terras, e mais da metade da Ilha do Governador foi doada a Salvador de Sá que enriqueceu no Brasil com a ajuda de seu tio. Salvador de Sá foi governador da cidade por dois mandatos, somando 25 anos, e fazendo com que os moradores do Rio se referissem à ilha como do Governador, nome que mantém.

Ilhas Cagarras - Para encerrar, um arquipélago (conjunto de ilhas) que é o mais querido do Rio. As cagarras recebem o nome devido à sua cor branca e às aves que habitam lá. As gaivotas e outros pássaros que povoam a ilha se alimentam de peixes, o que faz com que as suas fezes tenham muito cálcio o que deixa a coloração bastante branca, essas fezes "pintam" a ilha deixando ela com aspecto esbranquiçado, ou seja, as ilhas ficaram conhecidas como ilhas cagadas, e em algum momento viraram Cagarras.


Tem mais curiosidades sobre o Rio, claro, mas vai ficar para o próximo papo.


O que você achou dessas histórias? Curtiu? Deixe o seu comentário e até a próxima!

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