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Paquetá, a ilha dos amores

A ilha de Paquetá é mais antiga que o Rio de Janeiro, a primeira vez que aparece em um documento foi em 1555, enquanto o Rio foi fundado 10 anos depois, Paquetá é uma palavra indígena Tupi que pode significar muita coisa, um dos mais aceitos é "muitas pacas" devido a existência de muitos desses animais na ilha no passado, mas o que mais projetou o pequeno bairro foi o romance "A Moreninha" de Joaquim Manuel de Macedo, que muitas pessoas acreditam ter sido baseado na ilha.


Vista do Parque dos Tamoios

Boa parte das crianças cariocas já passaram pela ilha, seja durante as férias, ou para um agradável dia em algum fim de semana, já que Paquetá possui diversas praias, um parque com áreas grandes, mirante e claro praias.


A Ilha foi a última moradia de José Bonifácio, patrono da independência e tutor de Dom Pedro II, ele passou os seus últimos 5 anos na Praia de José Bonifácio. A praia é chamada de Guarda, pois, ao ser exilado na ilha em 1833, foi criado um posto especial de guarda para vigiar o prisioneiro, e os insulares começaram a chamar de Praia da Guarda, após a morte do político, acabou renomeada, mas ainda é conhecida pelo nome de Guarda por alguns moradores.


Outra personalidade importante da ilha foi o artista Pedro Bruno que era cantor, poeta, paisagista, mas foi reconhecido na pintura, sendo sua obra principal o quadro chamado "Pátria". Diferente de Bonifácio, Pedro Bruno é um "Paquetaense", já que nasceu na ilha um mês antes da Proclamação da República, e é lá que está sepultado desde 1949. É impossível passear pela ilha sem ter contato com Pedro Bruno, que é o responsável por diversos jardins espalhados pela ilha, a capela do cemitério e tudo o que o cerca, além de idealizar ao lado do cemitério, o único cemitério de pássaros conhecido no mundo.


Um dos lugares que mais concentra pessoas é o Parque Darke de Matos, no final da praia de José Bonifácio. Encontramos no parque um heliporto, um mirante, playground infantil, grutas, um espaço para celebrações de cultos religiosos em espaço aberto e uma praia própria, sem contar que tem diversos espaços fantásticos para fazer um delicioso pic-nic.


Na outra extremidade da praia de José Bonifácio há uma ponte e uma lenda, A lenda de João da Saudade. João era um africano que foi trazido escravizado para o Brasil e deixou sua esposa e filho na sua terra. A saudade não permitia que João descansasse, e todas as noites após trabalhar na fazenda o dia todo, ia até esse ponto da ilha e chorava a falta da sua família e da sua terra amada. Passava a noite inteira no mesmo lugar rezando para ver um dia os seus dois maiores amores, sua esposa e filho. Anos passaram sem que a situação mudasse, mas eis que um dia João não retornou para a senzala, nessa mesma noite os moradores diziam ter visto uma luz muito forte vindo do ponto em que João sempre ficava. O ponto e depois ponte passaram a ser um local sagrado para os africanos escravizados que realizavam cerimônias desejando um dia serem também levados para longe da escravidão.

Ao fundo podemos ver a Ilha de Brocoió que já pertenceu à Família Guinle

Encontramos na ilha 2 igrejas católicas históricas, a principal dedicada a Bom Jesus do Monte é praticamente impossível não conhecer já que fica em frente à estação de chegada das barcas que vem do Rio, tem arquitetura neo-gótica tanto no exterior, quanto no interior, além de ter um oratório na sua lateral. A outra igreja é uma capela na verdade, e é dedicada a São Roque. Possui arquitetura neo-clássica e está na ponta direita da ilha considerando a estação das barcas como referência.


Outro ponto bastante conhecido é o Baobá, uma árvore africana, considerada rara no Brasil, o baobá de Paquetá é conhecido como "Maria Gorda". Essa árvore é considerada sagrada pelos praticantes de religiões de matrizes africanas como umbanda e candomblé, representa a ancestralidade, já que a sua história remonta até Nzambi, o Deus supremo criador do candomblé.

"Maria Gorda", mais uma parte das lendas de Paquetá

Outros pontos interessantes são o Canhão Dom João VI que serviu para anunciar a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, e também do Príncipe Regente Dom João VI à ilha nas várias outras vezes que foi até à ilha até retornar para Portugal, o Poço de São Roque que servia a fazenda de São Roque e depois à população da ilha. Pedra da Moreninha, Pedra dos Namorados, Casa de José Bonifácio e muitas outras belezas escondidas, e qual a melhor forma de conhecer tudo isso? É só alugar uma bicicleta em uma das lojas da rua principal e passear por cada recanto desse bairro


Conhece Paquetá? Ficou curioso? Vem visitar essa maravilha com a gente, é só marcar um dia pra conhecer todas as histórias e lugares dessa ilha dos amores como chamava Dom João VI.

Até breve!

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