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A Cidade de Pedro - Parte III (Atrações e histórias)

Hoje encerramos nossa série histórica de Petrópolis passeando por alguns dos seus lugares mais conhecidos e que fazem milhares de pessoas subirem a serra todos os anos em busca dessa cidade única.

BR-040 - Avenida Washington Luiz

Nossa primeira parada não é bem uma parada e sim o caminho que nos leva até a cidade, a Rodovia BR-040. Uma breve explicação, todas as rodovias brasileiras são numeradas de acordo com a direção que seguem (lembra da rosa dos ventos?) Sendo na direção Norte-Sul começam com o número 1 como a BR-101 que liga RN e RS, e a BR-116 que liga CE e RS, ambas importantes no Rio de Janeiro, se a direção é Leste-Oeste começam com número 2 como a BR-265 que liga SP e MG chegando próximo do RJ e ES, sendo diagonais em qualquer direção começam com 3 como a BR-393, antiga Rio-Bahia, e enfim, começam com 0 todas as rodovias federais que partem de Brasília, no caso a BR-040 começa em Brasília e termina oficialmente na Rodoviária Novo-Rio.

O trecho que liga Rio e Petrópolis, completará em agosto 90 anos desde a sua criação. Foi obra do 13º presidente da república Washington Luiz que a inaugurou em 25 de agosto de 1928, em 1931 se tornou a primeira rodovia asfaltada do Brasil. Em homenagem a ele, o trecho criado por ele recebe o seu nome, todo o restante da rodovia desde Brasília até Petrópolis faz homenagem a Juscelino Kubitschek.

Presidente Washington Luiz

Palácio Quitandinha

Pouco depois de passarmos pelo portal chegamos a uma das joias de Petrópolis, o antigo hotel cassino Quitandinha. Inaugurado por um empreendedor brasileiro chamado Joaquim Rolla em 1944, depois de aproximadamente 3 anos de obras, o gigantesco complexo (um dos maiores da América Latina) possuía 440 apartamentos de diversos tamanhos, 13 salões para usos diversos como boliche, patinação no gelo, bar, teatro entre outros. Encontramos ainda o Salão Mauá, uma sala com uma cúpula de 50 metros de diâmetro 30 metros de altura em vão livre (sem nenhuma sustentação central por colunas), que a torna a segunda maior da categoria no mundo inteiro, nesse espaço ficava o coração do cassino com as máquinas, mesas e apostadores. O hotel cassino também foi um dos primeiros a oferecer alguns serviços que eram considerados de primeira linha na época como sala de correspondência para os hospedes enviarem e receberem as cartas dos seus amigos e parentes, sala de recreação infantil com monitores que cuidavam das crianças enquanto os pais curtiam o hotel ou o cassino, Salão Dom Pedro usado como sala de espera e também para jogos de salão como cartas e xadrez, além da 2ª maior central telefônica do país com 800 canais. Conta ainda com 3 piscinas sendo uma interna e aquecida, com formato de piano de cauda e com profundidade entre 1,60 chegando até 5 metros, e o seu lago com um formato estilizado da América do Sul onde usaram toneladas de areia da praia de Copacabana.

Apenas dois anos após a inauguração o jogo foi proibido em todo o território nacional e o espaço passou a ser apenas um hotel, não funcionou por muito tempo pois era muito caro manter o compexo apenas com o lucro da hospedagem e em 1962 acaba sendo vendido a um grupo privado que transforma o palácio em um dos condomínio mais luxuosos da cidade.

Pelo hotel cassino passaram pessoas importantes do entretenimento como Carmen Miranda, Walt Disney e a modelo Marta Rocha foi eleita em 1953 no hotel a primeira miss Brasil, além de políticos como Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e Eva Perón.

Joaquim Rolla ainda foi responsável pela construção do prédio Juscelino Kubitscheck em Belo Horizonte, obra de Oscar Niemeyer e um dos edifícios mais altos da capital mineira até hoje, o pavilhão do bairro de São Cristóvão que hoje abriga o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, comprou em 1933 o hotel Balneário da Urca e transformou em Cassino da Urca, casa onde Carmen Miranda despontou para o mundo em 39 e frequentada por personalidades como Getúlio Vargas e Walt Disney.

Museu Imperial - Palácio da Concórdia

Como vimos nas Duas últimas postagens, o Palácio da Concórdia era um sonho de Dom Pedro I e se tornou o paraíso de seu filho Dom Pedro II. Após a morte acidental de Julius Koeler, Cristóforo Bonini toma a frente da construção e altera alguns aspectos do projeto original. Ainda para auxiliar no novo projeto, chegam dois arquitetos ligados à Imperial Escola de Belas Artes José Maria Jacinto Rebelo e Joaquim Cândido Guillobel além de Manuel Araújo Porto Alegre que fez a decoração interna. Em 1850 Jean-Baptiste Binot, à pedido de Dom Pedro II realiza o paisagismo do jardim do palácio utilizando para isso mais de 90 espécies de plantas exóticas como bananeiras e palmeiras e nativas do Brasil como os manacás.

No interior o piso é único, contando com madeiras nobres de diferentes árvores de todos os cantos do Brasil, além de mármore de carrara e um mármore preto de origem belga. Cada uma das salas recebeu uma decoração específica de acordo com a utilização original dos ambientes, a sala de música possui tema com notas musicais e instrumentos, inclúi uma espineta (espécie de cravo porém menor e com um som bastante característico) do século XVIII que é a única conhecida no mundo fabricada pelo alemão Mathias Bosten. Na Sala de Estado que era o cômodo mais importante por ser a sede do governo imperial e onde Dom Pedro II recebia seus conselheiros e chefes de Estado, encontramos o único trono imperial preservado que ficava no Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista em São Cristóvão. No Gabinete onde Dom Pedro II passava a maior parte do seu tempo, nomeado Gabinete Dom Pedro II, encontra-se o primeiro telefone do Brasil, trazido dos Estados Unidos pelo Imperador e a luneta que ele utilizava para estudar as estrelas. No quarto das princesas, ocupado por Isabel e Leopoldina durante a sua infância e juventude, encontramos a mobília original utilizada pelas princesas e o berço folheado a ouro utilizado pelos netos do imperador filhos da princesa Isabel. O Palácio, hoje Museu Imperial, possui ainda o traje e cetro imperiais, além das coroas utilizadas por cada um dos imperadores.

em 15 de novembro de 1889, Dom Pedro II, sua esposa Dona Teresa Cristina, sua filha Princesa Isabel (a Princesa Leopoldina havia falecido em 1871) seu genro Conde D'eu e seus netos estavam no Palácio quando Foram avisados que o Brasil agora seria uma república e que deveriam deixar o país imediatamente.

Depois da morte de seu pais, a Princesa Isabel se torna a única herdeira do palácio, que ela alugou ao Educandário Notre Dame de Sion que funcionou entre 1893 e 1909, depois o Colégio São Vicente de Paula funciona no local entre 1909 e 1939, em 1940 o prédio se torna Museu Imperial por um decreto de Getúlio Vargas, sendo aberto ao público em 1943. Hoje em dia é um dos marcos da cidade e um dos museus mais visitados do Brasil.

Catedral de São Pedro de Alcântara

Você sabia que Nossa Senhora Aparecida não é a única padroeira do Brasil? Os dois imperadores brasileiros receberam o nome de Pedro em homenagem a São Pedro de Alcântara, frade franciscano e santo espanhol que era bastante venerado em Portugal. Dom Pedro I era muito devoto do santo e como uma forma de homenagem, em 1826 decreta que São Pedro de Alcântara era a partir de então padroeiro do Brasil, e assim é até hoje.

Devido a importância do Santo para a Família Imperial, a sua Basílica recebeu um lugar de destaque na cidade, estando em frente à rua principal, em terreno doado pela Princesa Isabel que mesmo do exílio enviava constantemente recursos para a sua construção.

Data de 1884 o início da sua construção, tendo sido concluída apenas em 1969! O arquiteto baiano Francisco Caminhoá foi o responsável pelo traço, e se inspirou em um estilo que agradava muito o Imperador, e estava na moda na época, o neogótico. A torre (última parte a ficar pronta em 1969 e que demorou 9 anos para ser construída), se eleva até 70 metros de altura, e a igreja tem a mesma medida em comprimento, no interior são e 22 metros de largura 19 metros de altura nas naves.

A porta da igreja também impressiona com 2 toneladas e 400 kilos cada uma, e foi fabricada em São Paulo. Na torre se encontra um carrilhão com 5 sinos, possui ainda um dos maiores órgãos de tubo do Brasil com mais de 2200 tubos, feito no Rio de Janeiro, além de uma das maiores atrações da igreja, o mausoléu da Família Imperial, onde encontra-se os restos mortais de Dom Pedro II e sua esposa Dona Teresa Cristina, Princesa Isabel, seu marido Conde D'eu e o filho deles Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança e sua esposa Elisabeth, condessa de Dobrzensky, sendo que os túmulos do Imperador e sua esposa foram esculpidos pelo francês Jean Magrou em forma de jacentes, ou seja, representam os falecidos em seu leito de morte, e os túmulos da Princesa e seu marido, também em forma de jacente, foram feitos pelo paulista Humberto Cozzo.

A Catedral é uma das visitas imperdíveis de Petrópolis, não somente pela sua beleza e história, mas também pelas belas fotos que proporciona.

Palácio de Cristal

Um presente do Conde D'eu para a sua esposa a Princesa Isabel, o Palácio de Cristal, inaugurado em 1884, é uma das primeiras construções pré moldadas do Brasil, apesar de ter sido fabricado na França. O palácio tem inspiração no Palácio de Cristal de Londres (já demolido) e no Palácio de Cristal do Porto (muito modificado), e já foi utilizado para diversos fins, mas marca a sua história o fato de ser um presente, mas imediatamente ter sido doado pela Princesa Isabel ao povo petropolitano, para que ali se realizasse a já famosa exposição de produtos agrícolas. No interior do palácio, com a presença da Princesa Isabel, se realizou em 1888 a libertação dos últimos escravos da cidade de Petrópolis. Atualmente além de toda a beleza, se celebra anualmente no palácio vários eventos, sendo a Bauernfest o mais importante deles.

Casa de Santos Dumont

O mineiro Santos Dumont, sempre visionário, enxergou beleza em um lote desvalorizado, de pequeno porte e muito íngreme, foi onde o inventor decidiu construir a sua casa de verão, carinhosamente apelidada por ele de "A Encantada". A casa foi construída em 1918 e utilizada pelo inventor até a sua morte em 1932. Nessa casa, Santos Dumont escreve a sua autobiografia intitulada "O que eu vi, o que nós veremos", insere aí alguns de seus muitos inventos, como o chuveiro de água quente. A casa é pequena e prática, ideal para um solteiro que passava muito tempo entre invenções e observação das estrelas, o que fazia no terraço especialmente projetado para esse fim. Outra curiosidade genial são as escadas em forma de raquete, pensado para que não se tropece na subida, que estão tanto na ligação entre o porão que ele usava como oficina, e o primeiro andar, utilizado como sala, biblioteca e escritório, quanto no interior que ligava esse espaço ao quarto de dormir e banheiro, sendo que quase nenhum desses espaços possui divisórias, apenas o banheiro. O local é em frente ao antigo Palace Hotel, e por isso Santos Dumont não construiu uma cozinha, pois todas as suas refeições vinham do hotel.

Chocolates e cerveja

Devido ao seu clima frio e a influência germânica, Petrópolis é uma das capitais brasileiras do chocolate representado pelas chocolaterias Katz e por uma das mais antigas chocolaterias do Brasil, a Patrone, que foi inaugurada em 1912 no Rio de Janeiro, e se transferiu para Petrópolis em 1945. A Patrone é responsável por introduzir a tradição dos ovos de páscoa no Brasil em 1922. Também por influência germânica, e graças à paixão brasileira por cerveja, encontra-se na cidade a mais antiga cervejaria do país, a Cervejaria Bohemia, que data de 1853 e pode ser visitada e degustada.

Essas são apenas algumas atrações para serem vistas e experimentadas em Petrópolis, e qual é a sua favorita?

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