A Cidade de Pedro - Parte II
Dom Pedro I havia deixado seus filhos, seu paraíso, seu reinado, e seu Palácio da Concórdia para trás, e o pior é que seu herdeiro e futuro Imperador do Brasil tinha apenas 5 anos de idade. Possivelmente Dom Pedro planejava retornar ao Brasil em algum momento no futuro, mas morre de tuberculose em 1834 com apenas 35 anos de idade, no palácio de Queluz, no mesmo quarto em que havia nascido. Sucede-se no Brasil uma guerra acirrada pelo poder através da regência do jovem Dom Pedro II Imperador de fato, mas impossibilitado de exercer seu poder devido a sua pouca idade (na morte de seu pai possuía.
Após o afastamento de José Bonifácio, um dos homens de confiança de Dom Pedro I e um dos tutores de Pedro II, o mordomo-mor da Casa Imperial Paulo Barbosa da Silva (seria como uma mistura de Chefe da Casa civil e Relações Públicas dos dias de Hoje) retoma os planos para a construção do palácio, determinando que o seu amigo o militar Julius Friedrich Köeler ficasse encarregado da construção.
Em 1843, já com 18 anos, Dom Pedro II assina um decreto determinando que o Major Köeler criasse não apenas o castelo, mas criar ruas, construir uma igreja em louvor a São Pedro de Alcântara, construir um cemitério e cobrar uma taxa dos moradores chamada laudêmio (cobrada até hoje dos moradores de Petrópolis), lembrando que as terras foram compradas com o dinheiro do Imperador e não da Coroa.
Köeler cria em 1845 uma companhia chamada Companhia de Petrópolis e coloca na Bolsa de Valores as suas ações para gerar os recursos necessários para a construção do povoado, as ações foram todas vendidas em 4 meses. No mesmo ano começaram a chegar os primeiros habitantes, os alemães.
Para facilitar a ambientação dos colonos alemães, Köeler nomeia os quarteirões com as regiões de origem deles como Renânia, Bingen, Simeria e Castelânia entre outros. Homenageou ainda a Família Imperial em dois quarteirões que chamou de Vila Imperial e Vila Teresa, além é claro do nome do povoado, Petrópolis que significa cidade de Pedro.
Em 1847 Köeler morre de forma trágica na cidade que traçou. Estava na sua fazenda com amigos participando de uma competição de tiro ao alvo, quando é acidentalmente atingido por um de seus amigos que não tinha familiaridade com armas. Apesar das tentativas de salvar sua vida, acaba padecendo na mesma noite. Otto Reymarus assume a responsabilidade da conclusão da cidade que é uma das primeiras cidades planejadas do Brasil. O Castelo da Concórdia é construído ao longo de 17 anos (1845-1862), e se torna a residência oficial de Dom Pedro II e da Família Imperial durante os quentes verões do Rio de Janeiro, seguindo um costume comum dos monarcas europeus, ou seja, se torna um palácio de verão.
Durante mais de 20 anos, 6 meses por ano, a cidade se torna a residência oficial da monarquia, isso faz a cidade se desenvolver em uma velocidade surpreendente. Em 1889 a monarquia é extinta no Brasil e Petrópolis é o foco, como a República foi proclamada em novembro, ou seja verão, os militares foram até o Palácio Imperial em Petrópolis buscar o Imperador e sua família e escoltá-los até o porto do Rio de Janeiro, onde embarcam para o exílio em Portugal.
Dona Teresa Cristina, Imperatriz Consorte do Brasil, não reage bem a longa viagem, nem a péssima recepção da família imperial portuguesa nem a notícia de que toda a família estava banida do Brasil para sempre (lei que só seria revogada em 1920) e morre em 28 de dezembro de 1889, três semanas após a chegada da família em um hotel do Porto. Dom Pedro morre dois anos após em Paris e a Princesa Isabel em 1921 também na França. Nenhum dos três jamais retornou à sua amada Petrópolis.
Durante o período republicano a cidade não perdeu a sua importância, em 1903 foi assinado na cidade o tratado que incorporava o estado do Acre ao território brasileiro, 16 dos presidentes da república a partir de Rodrigues Alves (5º presidente da república) usaram a cidade durante o verão, a Bauernfest é a segunda maior festa de tradições alemães do Brasil, Carmem Miranda e Walt Disney já se hospedaram no Hotel Quitandinha, por 8 anos entre 1894 e 1902 a cidade se tornou a capital do Estado devido à Revolta da Armada entre outros.
Com uma história tão rica é claro que tem muitas histórias mais para contar, mas essas histórias a mais, só na próxima semana. Não perca!
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